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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

555 - Reflexões em torno da celebração do mês Internacional das Bibliotecas Escolares 2025

O Mês Internacional das Bibliotecas Escolares (MIBE), celebrado todos os anos em outubro, constitui um momento estratégico para reforçar o valor e a relevância das bibliotecas escolares junto das comunidades educativas. Mais do que um ritual de calendário, trata-se de uma oportunidade de visibilidade pública, de mobilização da comunidade escolar e de reforço da identidade da biblioteca como espaço de aprendizagem, cultura, cidadania e inovação. Em 2025, o tema escolhido pela Rede de Bibliotecas Escolares — “Para além das estantes: IA, bibliotecas e o futuro das histórias” https://www.rbe.mec.pt/np4/MIBE.html — introduz uma dimensão muito atual: o impacto das tecnologias emergentes, em particular da inteligência artificial (IA), sobre as formas de produção, mediação e consumo da informação e da literatura.

Este mote remete-nos para dois desafios centrais: por um lado, como integrar as ferramentas de IA no contexto da educação e da biblioteca escolar de forma crítica e criativa; por outro, como reafirmar a singularidade humana da leitura, da imaginação e da mediação cultural, num tempo em que os algoritmos começam a participar ativamente na geração de textos e histórias. Assim, o tema não é apenas tecnológico, mas profundamente pedagógico e ético, uma vez que nos obriga a refletir sobre autoria, criatividade, originalidade, direitos digitais e literacia crítica da informação.

A biblioteca escolar, pela sua missão, encontra-se num lugar privilegiado para assumir este debate. Ao contrário de outros espaços da escola, a biblioteca conjuga três dimensões fundamentais: o acesso universal ao conhecimento, a mediação pedagógica da leitura e da informação, e a promoção de uma cidadania ativa e consciente. Nesse sentido, o MIBE 2025 deve ser encarado como uma oportunidade para reposicionar a biblioteca no centro da escola, demonstrando que ela não se limita a ser “um espaço de livros”, mas um laboratório de literacias múltiplas: literacia da leitura, da informação, dos media e, agora, também literacia digital e de IA.

A introdução do tema da inteligência artificial na agenda das bibliotecas escolares é coerente com tendências internacionais. A IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions) tem sublinhado a necessidade de os bibliotecários assumirem um papel ativo na mediação tecnológica, não apenas garantindo acesso a ferramentas digitais, mas também formando cidadãos críticos capazes de compreender os mecanismos subjacentes às tecnologias emergentes. De igual modo, a UNESCO e a União Europeia defendem que a educação para a cidadania digital e para o pensamento crítico deve incluir a compreensão de como funcionam os algoritmos, como são produzidos os conteúdos digitais e quais os riscos e oportunidades associados.

Ora, a biblioteca escolar, ao explorar com alunos e professores as potencialidades e limitações da IA na criação de histórias, posiciona-se como um espaço de vanguarda e reflexão ética, e não apenas como um serviço de apoio ao estudo ou de mero uso do tempo livre. Ao propor atividades que contrastem narrativas produzidas por seres humanos e narrativas geradas por algoritmos, as bibliotecas tornam visível a especificidade da imaginação humana, mas também a necessidade de compreender criticamente as novas ferramentas.

Além disso, não se pode esquecer que o MIBE é também um momento privilegiado para práticas de promoção, marketing e advocacy. Muitas vezes, as bibliotecas escolares realizam atividades internas, restritas ao espaço da escola, sem a devida comunicação para além das suas paredes. Isso faz com que a sua ação, por mais relevante que seja, se torne invisível para a comunidade educativa mais alargada e para os decisores institucionais. Ao contrário, o MIBE deve ser encarado como um palco estratégico para mostrar resultados, evidências e impactos, quer através de dados concretos (estatísticas de utilização, número de empréstimos, frequência de atividades), quer através de narrativas humanas (testemunhos de alunos, professores, famílias).

O marketing e a comunicação são, assim, aliados fundamentais. A biblioteca deve pensar em campanhas visuais, notas de imprensa, exposições digitais e presenciais, conteúdos para redes sociais e colaborações com parceiros externos (autarquias, associações culturais, universidades), de modo a amplificar o alcance da sua mensagem. É importante recordar que o marketing em bibliotecas não se limita à promoção de serviços, mas corresponde a um conjunto de estratégias que visam alterar perceções e reforçar o reconhecimento social da biblioteca como instituição indispensável.

Neste contexto, o advocacy torna-se o ponto alto: é o ato de defender ativamente o direito à biblioteca escolar e o valor da sua existência. Celebrar o MIBE 2025 numa lógica de advocacy significa ir além da mera organização de atividades festivas: implica utilizar cada ação como um argumento visível, que mostre à comunidade educativa, aos pais, às autarquias e aos decisores políticos que a biblioteca escolar é um investimento que transforma vidas.

Por isso, as atividades propostas para este MIBE devem ter intencionalidade comunicativa e política. Cada sessão, oficina ou exposição deve estar associada a mensagens-chave: “a biblioteca liga a escola às tecnologias do futuro”, “a biblioteca é espaço de literacia crítica”, “a biblioteca garante acesso equitativo a narrativas plurais”, “a biblioteca humaniza o uso da inteligência artificial”. Ao transmitir estas mensagens de forma consistente, através de diferentes canais, os professores bibliotecários estarão não só a celebrar o MIBE, mas também a fortalecer a posição da biblioteca no ecossistema educativo.

Em suma, o tema “Para além das estantes: IA, bibliotecas e o futuro das histórias” oferece uma oportunidade para repensar a identidade da biblioteca escolar. Ao ligar tradição (a leitura, a narração oral, a literatura) e inovação (a IA, os algoritmos, as narrativas digitais), a biblioteca afirma-se como um espaço de mediação entre passado e futuro, capaz de acolher os desafios do presente sem perder a sua missão essencial: formar leitores críticos, cidadãos informados e comunidades mais conscientes.

Assim, o MIBE 2025 não deve ser encarado como mais uma comemoração, mas como um ato estratégico de promoção, marketing e advocacy, que reposiciona a biblioteca escolar no coração da escola e da sociedade.

Sugestões de atividades (promoção, marketing e advocacy) adaptadas ao tema

Para além das atividades mais ou menos usuais organizadas pelas bibliotecas, apresentam-se ideias passíveis e focadas para levar à prática.

 

Tipo de ação / fase

Descrição / exemplo prático

Objetivo de promoção / advocacy

Sessão inaugural “IA e narrativas: conversar o ontem e o amanhã”

Convidar um especialista em IA, escritor ou investigador para fazer uma palestra ou debate aberto com a comunidade escolar.

Elevar o estatuto da BE como espaço de reflexão contemporânea; atrair visibilidade institucional.

Exposições híbridas

Misturar exposições físicas e digitais com “versões” comparativas de narrativas humanas vs narrativas geradas por IA, mostrando como a IA pode “recontar” histórias.

Mostrar concretamente o impacto da IA nas narrativas; instigar curiosidade e diálogo com público mais amplo.

Oficinas “Escrita com IA vs Escrita humana”

Propor que os alunos redijam narrativas normalmente e, em paralelo, gerem narrativas com ferramentas de IA (sob orientação). Comparar, discutir vantagens, limitações e ética.

Tornar visível o valor do humano, valor da mediação e sensibilidade literária; posicionar a BE como espaço de literacia crítica.

Concursos criativos de prompts / microcontos IA

Criar um concurso em que os alunos formulam “prompts” que gerem narrativas por IA, depois adaptam ou revisitam essas narrativas.

Incentivar o protagonismo dos alunos; gerar conteúdos partilháveis nas redes da escola e comunidade.

Sarau “Histórias híbridas”

Evento literário onde alunos, professores e famílias leem e comentam narrativas humanas e produzidas por IA, seguidas de debates sobre autoria e originalidade.

Tornar a biblioteca visível como palco cultural; envolver diferentes segmentos da comunidade.

Ciclo de debates “Ética, criatividade e IA”

Painéis ou mesas-redondas com professores de ética, filosofia, informática ou parceiros externos para refletir com alunos.

Reforçar a BE como espaço de cidadania digital e mediação cultural.

Galeria de depoimentos “Histórias que inspiram – à moda humana”

Recolher testemunhos de professores, alunos, pais sobre narrativas ou leituras que transformaram suas vidas (sem IA).

Restaurar o valor humano da leitura e da mediação; humanizar a proposta da BE.

Publicação e partilha de dados de envolvimento

Infográficos mostrando quantos participantes nas oficinas, quantos prompts criados, número de leituras híbridas, etc.

Demonstrar resultados, reforçar a legitimidade da BE perante direção, comunidade e órgãos decisores.

Desafio “Biblioteca + IA nas redes”

Criar reels ou pequenos vídeos com comparações de textos gerados por IA vs textos do acervo da biblioteca, convidando seguidores a “adivinhar qual é qual”.

Aumentar o alcance digital da BE e gerar interação com público jovem e externo à escola.

Sessão de encerramento e “Memória híbrida”

Apresentar os resultados das atividades, divulgar os trabalhos produzidos (prompts, microcontos), entregar prémios e abrir um diálogo sobre futuros usos da IA na biblioteca.

Concluir com visibilidade, mostrar impacto e envolver autoridades escolares e externas.

 

João Paulo da Silva Proença

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Nota: Para a elaboração de sugestões para a celebração do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares foi usada a Inteligência Artificial. 

Fontes:

European Commission. (2025, August 13). Ethical guidelines for educators on using artificial intelligence. European Education Area. https://education.ec.europa.eu/focus-topics/digital-education/action-plan/ethical-guidelines-for-educators-on-using-ai

IFLA. (2025, May 15). Declaração sobre direitos de autor e inteligência artificial [Post de blogue]. Blogue RBE. https://blogue.rbe.mec.pt/ifla-declaracao-sobre-direitos-de-autor-2952989

International Federation of Library Associations and Institutions. (2025, June 4). IFLA-UNESCO school library manifesto 2025. IFLA Repository. https://repository.ifla.org/items/c9f90a1b-dcb7-4c16-a11c-30b53b7b333d

RBE – Rede de Bibliotecas Escolares. (s.d.). Mês Internacional da Biblioteca Escolar (MIBE). https://www.rbe.mec.pt/np4/MIBE.html

UNESCO. (2025, February 21). Inteligência artificial e educação: O papel da IA nas políticas educacionais. UNESCO. https://www.unesco.org/pt/articles/inteligencia-artificial-e-educacao-o-papel-da-ia-nas-politicas-educacionais

 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

487 - Comparing school library perspectives - Principal's versus Librarian's

Comparing school library perspectives - Principal's versus Librarian's



Illustration by David Flaherty from SLJ

The school holiday break is providing an opportunity to follow up items I've saved to Instapaper for reading later. This post reflects on Principal's perceptions of school librarians compared to how the librarians saw themselves in research conducted by Tricia Kuon and Holly Weimar.  Published in the School Library Journal blog, 12 September 2012, the article is entitled: How does your boss see you?: Proof that principals value librarians.
Having visited school libraries in both the US and Canada over the past two years, I'm aware that, on the whole, we are in a far better position here in Australia.  Generally speaking, we have more library staff and better budgets, although both are being closely monitored and library services reduced as in North America.  In reading this article from an Australian perspective, I also read the role of 'librarian' as the full range of models from teacher librarian as library manager through to technicians in that role.
Authors, Tricia Kuon and Holly Weimar have explored their evidence to provide a signpost of attributes for librarians to adopt a leadership role within their schools.  Principals are looking for that leadership, especially in relation to technology. Marcia Mardis, associate director of the Partnerships Advancing Library Media (PALM) Center at Florida State University says some school librarians don’t feel comfortable labeling themselves as leaders—but it doesn’t mean they’re not acting like ones, “Leaders are as leaders do.”
The authors lists of 'Librarian's top 10 tasks' from a Principal's, compared with Librarian's perspective, is particularly significant.  The Principal's view is broader and management-focussed, the librarian's is narrower and task-focussed.  In these few weeks we have off over the summer Christmas break, it's worth taking time to reflect on our roles.  Don't just shut down and wait till we go back and start the year in the same way.
Reflect:  What takes up the time in your day?  What tasks could you do more efficiently?  What could you abandon completely?  What does your Principal value most about your role? How does the library team contribute to the discussion?  Does everyone have a voice?
To quote (from the article) retired school librarian, Alice Yucht, 'it’s important to promote the library, not yourself—and to know the difference between promotion and advocacy. “You cannot self-advocate. You need to create satisfied customers and users who will then advocate for the library.”'
So I invite you to join me in reflecting during the break, ready to return to school with a 'plan for action' in 2013.  In the week the New York Times Room for Debate topic: Do we still need libraries? stimulates discussion, take time to reflect and plan.
I found this article valuable reading.  Thanks Tricia and Holly. 

PS: As a benchmark against our own practice, further recommended reading is the School Librarian Evaluation Rubric recently released by the New York State Department of Education (SED) through submissions from Section of School Librarians (SSL) of NYLA and the  NYS School Library Systems Association (SLSA)..

sábado, 13 de dezembro de 2014

464 - Publicado o vídeo "Bibliotecas Mudam Vidas"

No dia 10 de Dezembro, o Programa Public Libraries 2020, gerido pela Reading & Writing Foundation publicou um vídeo de animação sublinhando como as bibliotecas públicas na Europa reforçam as comunidades e ajudam as pessoas: “Bibliotecas Mudam Vidas”.
O vídeo foi oficialmente lançado na Conferência de Bibliotecas Públicas da Holanda pela Princesa Laurentien, Presidente Honorária da Reading and Writing Foundation e Patrocinadora da Associação Holandesa de Bibliotecas Públicas.




O vídeo mostra alguns dos desafios do século XXI e como as 65.000 bibliotecas públicas da Europa trabalham diariamente para ajudar as pessoas a vencer esses desafios. Veja o vídeo e partilhe-o com colegas, parceiros e amigos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

452 - Mês Internacional das Bibliotecas Escolares

Por ocasião do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares, o Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares do Concelho do Seixal produziu um vídeo promocional sobre a importância das Bibliotecas Escolares. É com muito gosto que o partilho aqui


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

449 - Advocacy for libraries

Realizou-se ente os dias 16 e 17 de Setembro de 2014 na Biblioteca Nacional uma conferência com o Título "advocacy for libraries" organizada pela BAD e pelo Goethe Institut. Foram dois dias excelentes dos quais conto deixar aqui algumas notas.

Hoje começarei pelo último painel e pela comunicação da Drª Ana Novo que, de forma muito interessante e estruturada, explorou o conceito de advocacy nas Bibliotecas Escolares. Terminou apresentando um pequeno filme que penso resumir muito bem o conceito de advocacy que defendeu. Haverá melhor testemunho do que é uma biblioteca escolar do que este?  
Parabéns aos criadores da ideia deste filme! Quem não gostava de trabalhar e estudar numa biblioteca assim?