quarta-feira, 1 de maio de 2013

339 - Como matar um Biblioteca

Com a devida vénia à Maria José Vitorino

---

Como matar uma biblioteca...

Como diria o meu pai, que era um filósofo, "Há muitas maneiras de esfolar um gato". Acrescentaria que há mais do
que algumas maneiras de matar uma biblioteca.
Por exemplo:
√ Deixe de acreditar na missão das bibliotecas. Quem é que acredita mesmo na liberdade de ler, de aprender e de descobrir?
√ Passe menos tempo com a Direcção. A Direcção ideal de uma biblioteca pública deve encontrar-se 4 vezes por ano e concorda com tudo o que o seu Presidente/Director/Administrador recomenda.
√ Pare de falar com os utilizadores. Que é que eles percebem disto, afinal? E na mesma linha, deixe de consultar o pessoal. É um colossal desperdício de tempo.
√ Não se rale com o futuro e como l+a chegará. Sustentabilidade não é um assunto com que as bibliotecas precisem de se preocupar. No fim de contas, sobrevivemos centenas de anos.
√ Deixe de contar a história da biblioteca. Toda a gente já a ouviu.
√ Aceite que a biblioteca é antiga, e que não é preciso continuar a renovar, pintar, e actualizar. Ela é o que é.
√ Aceite que tal como o café instantâneo matou o café em grão, o e-book matará o livro impresso.
√ Deixe de promover o seu produto: toda a gente entende de literacia e de aprendizagem ao longo da vida.
√ Deixe de dar autonomia ao pessoal, e pare com a sua formação. Devem chegar a nós completamente formados.
√ Pare com essa conversa toda sobre inovação. Só serve para dar mais trabalho.
√ E por amor de Deus, pare de mudar as regras e as nossas tradições. É uma chatice!


(trad. Maria José Vitorino)

 
 

How to kill a library… #39: 2012

Posted in on a + note by flickfancy on November 5, 2012
As my Dad, who was quite a philosopher, would say “There are many ways to skin a cat.” I would add that there are more than a few ways to kill a library.
For example:
√ Stop believing in the libraries mission. Do we really believe in the freedom to read, learn and discover?
√ Spend less time with the board. The ideal public library board would meet 4 times per year and agrees with everything the CEO recommended.
Stop talking to your customers. What do they know any way? And on the same topic, stop consulting staff. It is a huge time waster.
√ Don’t worry about the future and how you will get there. Sustainability is not an issue with which libraries need to be concerned. After all, we’ve have survived for hundreds of years.
√ Stop telling the library story. Everyone has heard our story.
√ Accept that the library building is old and you don’t need to keep renovating, painting, and updating it. It is what it is.
√ Accept that just like instant coffee killed the coffee bean, the e-book will kill the printed book.
√ Stop promoting the product; everyone knows about literacy and lifelong learning.
√ Stop empowering staff, and stop training them. They should come to us fully trained.
Stop all this talk about innovation. It just makes for more work.
And, for heaven’s sake, stop changing the rules and our traditions. It’s annoying!
Have a swell week! LOL!
Kitty Pope #39 November 2012
kpope@library.guelph.on.ca

sexta-feira, 26 de abril de 2013

337 - A promoção da biblioteca

Um dos assuntos recorrentes neste blogue (para além da promoção das literacias e alfabetização digital publicada no post anterior) é a  necessidade de a biblioteca Escolar fazer "advocacy" junto da comunidade que serve. Felizmente que vão existindo mais e mais recursos que as orientam neste tipo de estratégia.

---

Post retirado daqui  
A FEBAB traduziu para português este excelente recurso da ALA que apesar uma prática muito habitual por cá... pode ser útil nos próximos tempos!

Tradução disponível: http://issuu.com/febab/docs/advocacyala_handbook_1202/3

quarta-feira, 24 de abril de 2013

336 - Alfabetização para os media e para a informação

Já por diversas vezes referi aqui a necessidade de se promover nas Bibliotecas Escolares a alfabetização para o uso dos media e da informação.

Eis mais um bom recurso disponível para este trabalho com a vantagem de ter a chancela da Unesco.

---

Post obtido aqui
 

A UNESCO acaba de anunciar a versão em português do seu Currículo para formação de professores em alfabetização mediática e informacional.
Trata-se de um trabalho que foi debatido por inúmeros especialistas de diferents partes do mundo nos últimos cinco anos, que vai certamente inspirar novos trabalhos, sobretudo no âmbito da formação.
Ficam aqui os pontos que esse currrículo deve integrar:

"De modo geral, o Currículo de Alfabetização Mediática e Informacional (AMI) incluído nesta publicação visa a auxiliar os professores a explorar e compreender a AMI, abordando os seguintes pontos:
  • as funções das mídias e de outros provedores de informação; como eles operam e quais são as condições ótimas necessárias para o cumprimento eficaz dessas funções;
  • como a informação apresentada deve ser criticamente avaliada dentro do contexto específico e amplo de sua produção;
  • o conceito de independência editorial e jornalismo como uma disciplina de verificação;
  • como as mídias e outros provedores de informação poderiam contribuir racionalmente para
  • promover as liberdades fundamentais e a aprendizagem continuada, especialmente à medida que
  • eles relacionam como e por que os jovens acessam e usam as mídias e a informação hoje, e como eles selecionam e avaliam esses conteúdos;
  • ética nas mídias e ética na informação;
  • as capacidades, os direitos e as responsabilidades dos indivíduos em relação às mídias e à informação;
  • padrões internacionais (Declaração Universal dos Direitos Humanos), liberdade de informação,
  • garantias constitucionais sobre liberdade de expressão, limitações necessárias para impedir a
  • violação dos direitos do próximo (questões como linguagem hostil, difamação e privacidade);
  • o que se espera das mídias e dos outros provedores de informação (pluralismo e diversidade
  • como normas);
  • pontes de informação e sistemas de armazenamento e organização de dados;
  • processos de acesso, busca e definição de necessidades informacionais;
  • ferramentas de localização e busca de dados;
  • como entender, organizar e avaliar informações, incluindo a confiabilidade das fontes;
  • criação e apresentação de informações em diversos formatos;
  • preservação, armazenamento, reutilização, gravação, arquivamento e apresentação de informações em formatos utilizáveis;
  • uso de informações para a resolução de problemas e para a tomada de decisões na vida pessoal,
  • econômica, social e política. Apesar de ser extremamente importante, este item representa uma
  • extensão da AMI que está muito além do escopo do presente currículo".
[Para as versões em francês, inglês, espanhol, e árabe, ver AQUI ]

segunda-feira, 22 de abril de 2013

335 - Are School Libraries Still Necessary?

A partir daqui:

 ___---____---____

 school_library

Lately I’ve noticed the same question coming up again and again: are school libraries still necessary? It started the other day on my state’s listserv. Someone was asking for ideas because their district is going to have only one certified librarian for the entire district during the next school year. Yesterday, I saw the question being asked on Twitter. When I did a news search on school libraries today, I saw much of the same. School libraries are facing cuts at an alarming frequency.
The idea of cutting school library funding isn’t exactly new. When I started working on my Library Media degree several years ago, library advocacy was a huge topic of discussion in every class I took. It’s really no mystery how I feel about this subject. I absolutely believe that school libraries are a critical component for schools in the 21st Century.

But everything’s online now, right?

Yes. And no. I’d venture to say there’s very little information you can’t find online. At the risk of revoking my library card (a little librarian humor), I will admit that even I vastly prefer finding factual information online. So if the information is freely available, and kids know how to use computers, research should be a no-brainer, right? Wrong.
Let’s think about this logically. When I was a kid, there was a lot of information available in a library. Granted, not as much as what’s available online today, but still a lot of information. What if someone just turned me loose to research a topic without any guidance, just because I knew how to read? I would have no idea where to look for the kind of book I needed, so I would have to wander around browsing every book. That method may be effective, in that I would eventually find what I was looking for, but it is far from efficient.
Think about that in today’s terms. Yes, there’s a ton of information out there. Yes, most students have a basic understanding of how to use the Internet (although not as proficiently as you might imagine). Do they know how to distinguish between factual information and someone’s opinion? How about acceptable use – citing sources, asking for permission to use someone else’s photos, etc.? Not so cut and dry. In my library lesson plans this year, I asked my 4th and 5th grade students to evaluate some websites. I found out that we have a lot of work to do in this area.

Librarians to the Rescue!

These situations are perfectly suited for what librarians have been trained to do. We can help students find and evaluate information, which is a critical skill in the 21st Century. Now you may be thinking, “My librarian doesn’t do that.” My response to you would be, “It’s probably because he/she does not have the opportunity.” As you can see from my crazy schedule, the school librarian’s job has evolved into a hodgepodge of responsibilities that may or may not be centered around teaching 21st Century skills to our students. While I’m a team player and very thankful for my job, I’m also very concerned about our students’ preparedness for their working world – a place that will likely look much different than we can even imagine.

OK, so we can research in a computer lab. There’s no need for fiction books because everyone reads e-books, right?

I found this interesting statistic on the Library Research Service website: only 23% of Americans read an e-book in the past year. Despite the technology all around us, people still enjoy reading paper books. Such reading is particularly important for the youngest students, who are still learning to turn pages, read text from left to right, and look at colorful pictures.
I believe there’s a place for hard copy books and a place for e-books. I like to read them both. The idea that everyone is reading e-books is just not realistic.

So I’m still undecided: Are school libraries still necessary?

If you want to train students how to effectively and efficiently use information, yes. If you want to help students fall in love with reading, yes. If you just want to churn out students who can answer more questions correctly on standardized tests… Yes! Check out this infographic on School Libraries and Student Achievement.
Your school librarian is an awesome resource. When given the appropriate time and resources, your school library program can soar. In the words of Levar Burton from Reading Rainbow, “Don’t just take my word for it.” Check out the comments from real school librarians below.
School librarians, It’s your time to shine! If you could share one thing with a principal or administrator who wants to know the answer to the question, “Are school libraries still necessary?”, what would you say? Share with us in the comments!

domingo, 21 de abril de 2013

334 - Bibliotecas Escolares na Finlândia



Nos passados dias 17 a 23 de Março tive o privilégio de, no âmbito dos programas europeus para a aprendizagem ao longo da vida (cf. Visitas de estudo no site oficial da Agência Nacional PROALV em   http://pt-europa.proalv.pt/public/PortalRender.aspx?PageID={e8681262-4107-4ac1-987f-f1a56bd2b920} )  participar, numa visita de estudo a Joensuu na Finlândia. Esta visita teve como tema: “the teaching profession, teacher education and basic education”

Nesta visita de estudo estiveram presentes 15 responsáveis educativos (diretores, inspectores, representantes de universidades, assessores, …) provenientes de 12 países europeus diferentes, sendo que cada um destes profissionais, para além de um interesse geral sobre o sistema educativo finlandês, pois todos sabemos que os resultados dos testes PISA são bem conhecidos pela sua excelência, teriam os seus próprios interesses pessoais. A mim, particularmente, interessava-me observar as bibliotecas escolares e o papel que estas desempenhavam no sistema educativo.

Vim a saber que, na Finlândia, poucas escolas possuem uma boa biblioteca e outras sentem-se com sorte por se localizarem perto da biblioteca pública de modo a usufruírem dos seus serviços.  No entanto, a maioria das escolas tem uma biblioteca apesar de estas não serem um exemplo de bibliotecas com coleções atualizadas a adequadas.

Nalgumas escolas podem ser destinadas aos professores algumas horas semanais para manter aberta a biblioteca. Também não há financiamento regular para as bibliotecas escolares sendo estas dotadas com um valor aleatório (e possível) para fazer face a despesas que se venham a ter como necessárias. É esta a razão pela qual a coleção não é mantida atualizada.

No entanto, existem algumas escolas e bibliotecas escolares na Finlândia nas quais as coisas funcionam de outro modo e nas quais as coleções estão atualizadas, existem um professor bibliotecário com formação, uma equipa que apoia o professor bibliotecário e um orçamento suficiente para as aquisições e funcionamento. Em algumas localidades, o município associa-se às escolas e investe na biblioteca escolar. Existem também um conjunto de escolas que estão associadas às universidades e que são usadas para colocar os professores estagiários. Nestas existem boas bibliotecas e profissionais para trabalhar em conjunto com a escola. Nestes casos a escola fornece aos professores estagiários uma boa visão do papel da biblioteca escolar no processo de ensino aprendizagem.

A minha visita centrou-se neste último tipo de escolas (com associação com a Universidade do Este da Finlândia). Em todas as escolas que tive oportunidade de visitar, a biblioteca não está localizada numa sala à parte mas implantada no centro da escola (tipo “sala polivalente”) no coração da escola, num espaço comum.

Ambientes de aprendizagem

Esta localização centra-se numa opção estratégica de se conceber a escola numa lógica que favoreça as aprendizagens. No dizer do diretor de uma delas, Dr Heikki Happonen, um bom ambiente de aprendizagem reflete a noção de como as pessoas aprendem, sendo que, deste modo, um edifício escolar e o seu envolvimento físico acaba por transmitir uma mensagem que espelha a noção que se quer para a escola: fábricas, prisões ou ambientes de aprendizagem?




Os edifícios escolares aparentam ser iluminados, abertos, com grandes áreas inundadas de luz. Apetece estar nestes espaços (e não me refiro apenas a alunos). Veja-se o caso de salas de aula que permitem trabalhos de grupo, trabalhos de tutoria, exposição por parte do professor ou ainda oferecerem um espaço de relax para um ou outra situação “complicada”. Um exemplo paradigmático desta conceção é a escola "primária" de Heinavaara (comunidade rural) em que as paredes da sala de aula são substituídas por vidros, o que implica que fora da sala todos possam ver o que se passa dentro dela.    

A atmosfera nas escolas que tive oportunidade de visitar pareceu-me sempre muito calma e saudável, dando a ideia de reinar uma política de confiança entre professores e alunos.
Não se notaram grandes correrias no espaço escola e nem os intervalos eram espaços de grande balbúrdia, para além da alegria natural das crianças em irem "desopilar" após um período de aulas... De facto, os alunos dão a impressão de se sentirem felizes na escola. Provavelmente não serão todos, mas a grande maioria será.
Penso que contribui para esta atmosfera a alta qualidade dos ambientes de aprendizagem que vi: Espaços amplos, equipamento diversificado e moderno, espaços desenhados e pensados para serem multifuncionais.

Os alunos são encorajados a serem independentes dentro e fora da sala de aula e esta é a base de uma boa relação pedagógica. De um modo geral reina o respeito, a confiança e o sentido de responsabilidade. Todos cooperam em nome destes princípios. Neste contexto importa referir que nenhuma criança é deixada para trás (não há reprovações nos primeiros anos e ciclos de ensino) e todas as crianças devem ser aceites com os seus talentos individuais, capacidades e possibilidades de modo a elevá-los e desenvolvê-los.

Em síntese, prevalece a ideia de que um bom ambiente de aprendizagem oferece apoio e ajuda aos aprendentes.

As Bibliotecas Escolares

Neste contexto a Biblioteca Escolar é concebida como um “ambiente de aprendizagem” que se integra num conceito mais vasto (o da escola) e não apenas como o "espaço dos livros".

Numa das escolas, pelo facto do conceito de a biblioteca ser concebida como ambiente de aprendizagem ser levada ao extremo, esta tem até a possibilidade de ser reorganizada (veja-se o pormenor das rodas debaixo das estantes)


Nesta biblioteca, por diversas ocasiões, vi professores e alunos a usarem o espaço para procurarem algo para a realização de trabalhos. Não consegui perceber a existência de professores bibliotecários, o facto é que os livros estavam tratados e arrumados segundo a CDU.
Vi alunos a procurarem textos sobre a primavera e vi a realização de empréstimos domiciliários.


Noutra das escolas que visitei, a escola "primária" de Heinavaara, a biblioteca escolar é também a biblioteca municipal existindo uma boa e excelente parceria.




 Em síntese: Gostei bastante de ver nestas escolas um exemplo prático da conceção da biblioteca escolar como perfeitamente integrada nas práticas quotidianas de professores e alunos e não como “mais um espaço” da escola onde, por vezes, falha a tão desejada articulação curricular e implicação nas aprendizagens (da leitura e das diversas ciências).








domingo, 14 de abril de 2013

332 - 27 coisas que um bibliotecário faz

É sempre bom dar a conhecer o que faz um Bibliotecário (afinal ainda há muita imagem pré-concebida, muito imaginário e muito mito acerca do assunto)